Num livro ilustrado, também chamado de “livro-álbum”, a narrativa visual, ou seja, as ilustrações, também estão contando a história, assim como o texto escrito.

A relação entre texto e imagens pode ser contraditória, como no livro “Nunca acontece nada na minha rua”, de Ellen Raskin, com tradução de Daniela Gutfreund, publicado pela Amelì.
O personagem passa a história inteira resmungando o que afirma o título do livro, enquanto, nas ilustrações, a gente vê que na rua dele acontece de tudo e mais um pouco. É super divertido, inclusive! E se você quiser me ouvir lendo essa história, tem no canal!

As ilustrações podem trazer informações que ajudam na compreensão do texto escrito, como na coleção de livros do “Pum“, do casal Blandina Franco e José Carlos Lollo, publicado pela Companhia das Letrinhas.
O primeiro livro lançado “Quem soltou o pum?” fez tanto sucesso que vários outros foram publicados depois. Se você ler apenas o texto escrito, dificilmente terá compreensão da história toda, uma vez que o texto faz vários trocadilhos com a palavra “pum” e isso ganha um entendimento beeem diferente quando percebemos, nas ilustrações, que “Pum” é o nome do cachorro. Eu também já contei essa história lá no canal!
Enfim, elas podem trazer camadas a mais de entendimento sobre a narrativa.
Agora vou puxar sardinha pro meu lado e falar do meu livro: “Dadó é ranzinza e tem sua própria nuvem cinza”, escrito por mim, ilustrado pelo Alexandre Rampazo e publicado pela Ciranda Cultural.

O Alexandre Rampazo demonstra, em diferentes elementos das ilustrações, questões além do texto escrito. Reparem no cabelo do Dadó, parece feito de nuvem. A cor dele muda em diferentes momentos da história, por quê?
Outros elementos também mudam no decorrer da narrativa e podem ser percebidos por quem tiver um olhar mais atento. E adivinha? Tem um post aqui no blog falando um pouco mais dele e eu também já contei ele lá no canal! 🙂
“Um livro ilustrado é a primeira galeria de arte que uma criança visita”, já diz a autora Květa Pacovská. É muito mais do que um simples livro com ilustração, foge de imagens estereotipadas, colabora na formação do olhar, de uma leitura crítica e profunda.
Há muito mais que eu poderia falar esse tipo de livro e, em breve, vai sair mais um post aqui no blog falando sobre como ler um.
Ps: a imagem que está na capa desse post é do livro “Onde Vivem os Monstros”, de Maurice Sendak, tradução de Heloisa Jahn, publicado no Brasil pela Cosac Naify, é um clássico em termos de livro ilustrado. Infelizmente o livro está esgotado e é possível encontrá-lo à venda em sebos a preços bem altos ou a edição americana, pra quem entende inglês.
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