“Como assim, Fafá?” – Pois é, a intenção desse texto é ser um lembrete pra mudar o ponto de vista na hora de ler ou contar histórias
Ao invés de entender ou chamar de “interrupção”, veja como “participação“.
Essa pequena troca pode fazer tanta diferença! Vou dar aqui duas possibilidades como ponto de partida pra uma reflexão:
– Ela está ouvindo a história que está sendo lida ou narrada e pode estar fazendo relações com histórias que ela já ouviu ou com experiências de vida e quer compartilhar
OU
– Ela quer ser parte ativa daquela história, sugerindo possibilidades de ação para continuidade da narrativa
O fato é que, se ela participou falando algo que tenha a ver com a história, ela estava prestando atenção e isso é um ótimo sinal, certo? E se a fala não tem a ver, cabe questionar-se: será que não tem mesmo? Talvez ela esteja fazendo associações que fazem muito sentido na cabeça dela, mas que nós, sem sabermos exatamente qual o seu repertório ou até onde o pensamento dela “viajou”, estamos considerando que não tem nada ver. De qualquer maneira, permita que aquela participação ocorra, acolha e, se possível, incorpore na história e prossiga.
Regina Machado, no livro “A arte da palavra e da escuta” diz que “tudo o que acontece no momento de contar é parte integrante da situação narrativa. A presença do narrador orquestra e incorpora o imprevisível a serviço da história. Estar presente é saber incluir o acaso”.
Bonito, né? Vamos começar a agregar esse novo ponto de vista na hora de ler ou contar histórias pras crianças?
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