Ontem teve um bate-papo bacanérrimo com o autor Leo Cunha na Biblioteca Pública do Paraná, num evento realizado pela FATUM, instituição onde faço uma pós em literatura infantil e juvenil e contação de histórias.
O autor contou histórias e curiosidades de seus livros e foi possível conhecer ainda melhor suas obras. Fiquei tão maravilhada que agora quero compartilhar com vocês um pouco do que foi esse encontro através de alguns de seus livros.
No final do post ainda tem um vídeo com a leitura que ele fez de uma de suas obras!
Só de brincadeira
Esse livro é um lançamento fresquinho, ilustrado pela Anna Cunha e publicado pela editora Positivo. Reúne poemas em que o brincar é o tema. Faz a gente voltar no tempo das brincadeiras de roda, amarelinha, pega varetas. Valoriza o brincar na rua, na troca com outras crianças, o brinquedo que faz a gente mexer o corpo, ser desafiado, pensar e crescer. As ilustrações são uma lindeza!!! Delicadas, com uma paleta de cores que acolhe e conforta. Me deu uma vontade de pular dentro do livro e viver naquele mundo bonito que ele apresenta. Uma delícia de leitura, em que o texto também brinca com o leitor.
Num mundo perfeito
Achei curiosíssima a forma como esse livro surgiu. Salmo Dansa, ilustrador dessa obra, tinha terminado de ilustrar um livro de Luiz Antonio Aguiar. O livro já estava indo pra gráfica, pronto pra ser impresso, quando ele refez todo o trabalho, propôs novas ilustrações pro livro inteirinho. Mas a editora falou que já era tarde pra mudar e eles já tinham aprovado e gostado do que ele tinha apresentado anteriormente.
Sendo assim, o Salmo tinha um livro inteiro ilustrado, precisando de um texto! O Leo Cunha ficou sabendo disso, pediu as ilustrações e pá: nasceu “Num mundo perfeito”, publicado pelas editoras Paulinas.
O livro narra a história de George, um garoto multitalentoso. Ele plantava bananeiras como ninguém, desenhava muito bem, decorava poemas compridos, fazia castelo de cartas, contava anedotas, tocava instrumentos só de ouvido. George teria tudo para ser um menino feliz! Mas ele queria ser mágico e essa arte ele não dominava. Isso o deixava extremamente chateado e insatisfeito. Até o dia em que ele vai a um hospital, e com todos seus talentos, entretém as crianças lá internadas, e é chamado de “George, o mágico da alegria”!
As ilustrações fazem referência ao filme “Viagem à Lua“, de George Meliés (e imagino que foi assim que o personagem ganhou o nome George). Não consegui descobrir qual foi o livro que inspirou esse trabalho do Salmo, nem o Leo soube me dizer, porém, que rendeu uma bela história, cheia de aprendizados, rendeu.
Um livro super legal pra refletirmos sobre nossos talentos, pra aprendermos a ser mais generosos com nós mesmos e que a perfeição depende do nosso ponto de vista.
Cachinhos de Prata
O bate-papo foi encerrado com o Leo fazendo a leitura desse livro. Uma leitura que emocionou ele e a todos presentes.
Cachinhos de Prata é o apelido de uma vó cheia de carinhos e histórias, dado, carinhosamente, pelos seus três netos. Todos os domingos eles visitavam a avó e eram recebidos com muito aconchego. Um dia, porém, é o avô que atende à porta. A vó estava na cama e quando os netos se aproximaram, ela não lembrava deles. Começa um momento cheio de lembranças em que os netos narravam o que tinham aprendido com a vó, numa tentativa de fazê-la lembrar deles.
O neto mais novo tinha uma voz mais fina e explicou:
– Eu sou o seu neto caçula. A senhora me ensinou a colher margaridas. E mostrou o buquê que eles tinham trazido para ela.
– Mas eu não gosto de flores! – disse Cachinhos de Prata
Uma história tocante, que trata do Alzheimer sem precisar tocar no nome da doença, sobre envelhecimento, esquecimento e memória com muita delicadeza e poesia.
Vale observar as ilustrações de Rui de Oliveira com atenção. O avô, pouco citado no texto, se faz bem presente pelas ilustrações que retratam um pouco da sua dor. As folhas, que estão sempre caindo pelas páginas, são uma metáfora pras lembranças que vão embora, como as folhas no outono. O desenho da avó é inspirado na figura de Cora Coralina e do avô no Manuel Bandeira.
Esse livro foi publicado pelas editoras Paulinas.
Adorei, Fafá! Só vi hoje, acredita?
Fiz uma postagem no Face.
Beijos
Leo
Eita, Leo! E eu que só vi agora seu comentário?! <3
Que bom que gostou! Beijos