Fafá Conta

Em abril Roger Mello lançou “Clarice”, uma obra linda, dedicada ao público infantojuvenil.

O livro se passa em Brasília, na época da Ditadura Militar. A história é narrada pela própria Clarice, personagem que dá nome ao livro. Seus pais desapareceram, ela mora com uma tia e seu primo e conta passagens dessa convivência, lembranças de seus pais, colegas e todo o clima que ronda essa época dura da nossa história.

O livro é cheio de espaços para o leitor ter seu próprio entendimento e tirar suas conclusões. Não entrega nada muito facilmente, Roger valoriza a inteligência de quem está lendo.

O trabalho gráfico, feito pelo sobrinho do autor, Felipe Cavalcante, é lindíssimo. Ele utiliza uma paleta de cores vibrantes, com ilustrações, por vezes, não muito óbvias.

O livro tem uma sobrecapa, (que pode virar um belo poster) mas a ideia de existir algo que cobre a capa, tem tudo a ver com a história. Quando recebi o livro da Editora Global, não tive muita curiosidade pra ver o que havia por baixo daquela sobrecapa. À medida que fui lendo o livro, resolvi explorar melhor o objeto e achei muito legal o que descobri escondido pela capa móvel.

Na história, Clarice conta sobre os livros de capa vermelha que tinham que ser disfarçados. Frequentemente livros eram atirados na água, pois livros podem ser subversivos. Ela não sabe muito bem o que a palavra significa, mas gosta de repeti-la.

A obra cita artistas plásticos que podem ser estudados paralelamente à leitura: Burle Marx e Maria Martins. A escultora eu não conhecia, corri pro google pra pesquisar a respeito e consegui entender melhor algumas ilustrações contidas no livro. 🙂

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