Fafá Conta

Mostrei esse livro pra minha mãe, que terminou a leitura dizendo: “Nossa, minha infância teria sido tão mais fácil se tivessem livros assim na minha época”. <3

Por toda a vida minha avó dizia que minha mãe era a que mais tinha dado trabalho. Minha mãe é e sempre foi muito autêntica, não se deixando levar por costumes, padrões ou imposições sociais. Durante a infância e a adolescência, gostava de jogar futebol com os meninos. Meu avô ficava louco da vida. Ela até usava vestido, mas as roupas que queria mesmo vestir eram as confortáveis calças ou bermudas (que customizava cortando, rasgando e pintando), pra poder correr, pular e “aprontar” por aí. Tocava bateria, pregava peças pela vizinhança. Transitava entre os grupos de meninos e de meninas. Pela forma como minha mãe era, minha avó achava até que ela fosse lésbica, afinal, esse comportamento, lá nos anos 60, era muito “fora do padrão”, e a sociedade era preconceituosa e taxativa. Pera…, estamos em 2020 e um bocado já mudou, mas uma parcela da sociedade parece ainda estar parada naquele tempo. Ainda hoje falam que tem cor e brincadeira de menino e de menina, né?

Hoje existem livros como o da Janaína Tokitaka, que mostram que uma brincadeira entre crianças é apenas uma brincadeira e que objetos são apenas objetos e podem ter diversas serventias e usos. Os adultos, com suas vivências e experiências, podem ter uma leitura e um entendimento mais ou menos limitado, mas as crianças, ah… as crianças agora têm a chance de ler obras como essa e terem mais recursos pra diminuir e acabar com preconceitos bobos e limitantes.

Eu e minha mãe tivemos uma conversa super legal depois da leitura desse livro. Não tinha nenhuma criança com a gente. Queria pontuar isso também, pra mostrar que a boa literatura pra crianças pode levantar questões e impulsionar conversas e trocas, não importa a idade. Agradeço minha mãe que, até hoje, me ensina a quebrar padrões.

Na semana do Dia das Mulheres, que as crianças, sejam meninas ou meninos, possam ser livres para serem crianças. E que pessoas jovens e adultas sejam livres pra serem quem elas quiserem.

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