Falando de morte com delicadeza
“A Árvore das Lembranças” é muito mais do que um livro sobre a morte. É um livro sobre a vida, lembranças, sobre como podemos manter vivo quem amamos em nossa memória. A história se passa em uma floresta, e começa com a morte de uma raposa. Que por si só já tem uma descrição que emociona:
“Ela levara uma vida longa e feliz, mas estava ficando cansada. Bem devagar, ela foi até seu cantinho favorito na clareira. Olhou para sua adorada floresta pela última vez e se deitou. Fechou os olhos, respirou fundo e caiu no sono para sempre.”
O primeiro animal que se dá conta é a coruja – fica triste, mas sabia que tinha chegado a hora da amiga. Pouco a pouco, outros amigos começam a chegar: o esquilo, o urso, o passarinho, o veado. Todos se sentam em volta dela e começam a lembrar das coisas boas que viveram juntos. A coruja lembra de quando brincavam competindo para ver quem pegava mais folhas secas. O urso lembra da vez que a raposa tomou conta de seus filhotes. O esquilo recorda da vez que ela o ajudou a desenterrar nozes que no inverno anterior haviam ficado muito fundas na neve.
Enquanto conversam, saudosos, lembrando da raposa, uma plantinha brota exatamente onde a raposa ficou – lugar agora já encoberto pela neve. A cada história contada, a cada lembrança dividida, a planta brota mais forte e bonita. A pequena árvore que cresce faz os amigos entenderem que a raposa ainda está com eles: quanto mais se lembram, menor fica a dor da saudade. No final, árvore acaba crescendo tanto, mas tanto, que vira um grande abrigo pra todos os animais – e dá força para que todos sigam vivendo, com a amiga sempre viva em seus corações.
Um livro lindo, tocante, que nos lembra da importância de celebrarmos a vida – e também de relembrar e manter viva a memória dos que já foram. Escrito e ilustrado por Britta Teckentrup, publicado pela editora Rovelle.